Estimados amigos,
Alguns
companheiros, no momento atual, estão iniciando uma prática que não está de
acordo com a Doutrina Espírita.
Refiro-me à
cobrança por palestras filmadas e disponibilizadas na internet, nos moldes do
Netflix, etc, bem como a tentativa de monetização de vídeos de palestras pelo
YouTube.
A alegação
para tal cobrança é de que os recursos serão utilizados para dar continuidade
aos seus trabalhos, na instituição a que são filiados.
Abaixo explico
porque tais argumentos não devem prosperar:
Segundo
Emmanuel, a maior caridade que podemos fazer para o Espiritismo é a sua
divulgação.
Se Jesus
estivesse encarnado hoje, com certeza utilizaria, também, a internet para
difundir os seus ensinos de forma abrangente, por todo o mundo e gratuitamente,
porque eu não imagino Jesus cobrando por seus ensinos.
“Toda a
prática espírita é gratuita, como orienta o princípio moral do Evangelho: Dai
de graça o que de graça recebestes” (O Evangelho segundo o Espiritismo, cap.
26).
“Os médiuns atuais - pois que também
os apóstolos tinham mediunidade - igualmente receberam de Deus um dom gratuito:
o de serem intérpretes dos Espíritos, para instrução dos homens, para lhes
mostrar o caminho do bem e conduzi-los à fé, não para lhes vender palavras que
não lhes pertencem, a eles médiuns, visto que não são fruto de suas concepções,
nem de suas pesquisas, nem de seus trabalhos pessoais. Deus quer que a luz chegue a todos; não quer que o mais pobre fique
dela privado e possa dizer: não tenho fé, porque não a pude pagar; não tive o
consolo de receber os encorajamentos e os testemunhos de afeição dos que
pranteio, porque sou pobre. (O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. 26,
item 7)
Em geral, as
palestras são intuídas mediunicamente. Divaldo Franco, no Livro Primícias do
Reino, 12 Ed, 2015, na pag 10, datada de 26 de fevereiro de 1967, diz “Qual
acontece nas palestras, a produção escrita por meu intermédio é sempre ditada
pelos benfeitores desencarnados.”
Se alguma
instituição necessita de recursos deve pedir aos seus associados ou
simpatizantes as doações necessárias para a execução de seus projetos, como
sócio-contribuintes, ou vendendo livros, dvd, produtos oriundos do artesanato
da casa, etc.
Sendo bem
prático e honesto:
- um domínio na internet, que é o nome
do site, custa atualmente R$ 35,00 por ano, sendo que no primeiro ano custa
apenas R$ 6,99;
- a hospedagem do site na internet com
certificado de segurança, tem o custo, em provedores de alta qualidade R$ 50,00
por ano (a hospedagem é onde o usuário deposita todo o conteúdo do seu site);
- agora se você deseja colocar seu
vídeo no YouTube, melhora ainda mais, porque é totalmente de graça. Você pode
fazer um canal, ou mais de um, sem necessitar pagar nada;
- hoje você pode filmar uma palestra
até com celular e a filmagem fica excelente e depois pode pedir a qualquer
jovem de sua instituição para fazer as edições com programas gratuitos, coloca
na Internet e pronto;
Ou seja, não é
dispendioso fazer este trabalho, basta ter vontade e mãos operosas para o
trabalho, porque como nós vimos o custo de tudo isso fica por ano em cerca de
R$ 60,00, lembrando que se optar pelo YouTube é totalmente de graça.
A Palestra é
disseminação do Evangelho, inspirada pelos mentores espirituais. Podemos
cobrar? Já vimos que não. “Toda a prática espírita é gratuita, como orienta o
princípio moral do Evangelho: Dai de graça o que de graça recebestes” (O
Evangelho segundo o Espiritismo, cap. 26).
Ainda alguns
dão a desculpa do custo na produção dos vídeos, mas qualquer adolescente dessas
instituições, hoje em dia, faz edições primorosas com os recursos existentes.
Compreendo a
posição de destes, por falta de conhecimento, estão sendo enredados por outros
companheiros e se deixam levar por esta atitude desleal da cobrança, manchando
o nome do Espiritismo.
Jesus não
cobraria nem um centavo, por nenhum ensino dele. Nem ele e nem seus
apóstolos.
Certamente ele
não diria:
- Este
conteúdo é para pagantes e este conteúdo é para não pagantes, ou, ainda, acesse
esse conteúdo por R$ 19,99.
Lembremos que
a remuneração da maioria da população que tem acesso a internet gira em torno
de R$ 1.000,00, com os quais tem que arcar com vestimenta, energia elétrica,
água, aluguel, medicamentos, comida, etc e num orçamento destes gastar R$ 25,00
por mês para acesso a religião, que deve ser gratuita, faz muita diferença.
Como exemplo,
vou lembrar que os evangélicos, em uma de suas principais denominações, tem
site totalmente gratuito com tv e palestras em diversas categorias (tvcpad).
Os católicos
da mesma forma (respostacatolica) com um site que tem 1.964 vídeos totalmente
de graça.
A Igreja dos
Santos dos Últimos dias tem um canal no YouTube brasileiro quase 400.000
inscritos e filmes de altíssima qualidade sobre o novo testamento, que alguns
chegam a ter mais de 1.900.000 visualizações.
Esta mesma igreja,
no canal do YouTube americano, tem 1.300.000 inscritos. O canal deles não é
monetizável. Se fosse, renderia mais de R$ 2.000.000,00 por ano (https://www.youtube.com/watch?v=Qq7NFiZL6ak&list=PLVmzv2RTGVDEoGci2AR5jKbP9DcAlYfEy).
E nós
espíritas indo na direção contrária. Imagine-se a repercussão no plano
espiritual dessas decisões infelizes.
O espírita de
baixa renda necessita também, assim como o mais abastado, de ter acesso a boas
palestras sem ter a necessidade de pagar.
Nosso estimado
Divaldo Franco nos falou, em suas últimas palestras, que devemos chegar aos
“invisíveis” da sociedade (humildes, sem conhecimento de religião, etc).
Chegaremos até eles como? Cobrando?
A internet é o
maior meio de divulgação evangélico/espiritual que nós temos atualmente.
Vamos mais
sério agora: nestes mesmos veículos de informação, especialmente redes sociais
na Internet e páginas que oferecem conteúdo de todas as naturezas, inclusive
sobre drogas e sexo, são oferecidos conteúdos sem nenhum custo para o
visitante.
De forma
totalmente gratuita nós vamos encontrar:
- músicas sem conteúdo, oferecidas
pelas próprias gravadoras, com 1,5 bilhão de visualizações por música;
- filmes pornográficos, também
gratuitos, chegando facilmente a 50 milhões de visualizações cada;
- novelas, programas de entrevista e
humorísticos, relembrando, totalmente de graça; e
- palestras espíritas, que
"quando muito vistas” chegam a 25 mil visualizações.
Os três
maiores sites pornográficos do mundo tem, gratuitamente, cerca de 11milhões de
vídeos pornográficos cada um.
Ou seja, é
muito mais fácil assistir um vídeo pornográfico ou outro material de baixa
qualidade, que é disseminado por vários canais ao mesmo tempo, do que assistir
a um vídeo espírita, que muitas vezes estão em canais que cobram para se ter
acesso a eles.
O prejuízo
causado é de todo o Movimento Espírita, mas com relação a isso cada qual dará
conta de sua administração a Deus.
Devemos
professar o que pregamos, e fazer o que nós professamos, para não ser letra
morta naquilo que escrevemos ou palavras vazias, naquilo que falamos.
Estes pequenos
textos, extraídos do livro Entrega-te a Deus (1ª Ed, 2010) do Espírito Joanna
de Ângelis, psicografado pelo médium Divaldo Franco, são muito valiosos para o
momento:
"Ante a
avalanche de obras de degradação humana, de vulgaridade e de banalização da
vida e dos valores morais, torna-se necessário que se encontrem obras que
possam diminuir o efeito pernicioso daquelas que corrompem e ensandecem."
(pag 13)
"Com as
facilidades adquiridas pelas conquistas da ciência e da tecnologia, que
tornaram o mundo uma aldeia global, conforme se referem muitos comunicadores,
os obstáculos ao bem estão sendo diluídos pelos recursos advindos desses
notáveis instrumentos, especialmente os de natureza virtual..." (pag 112)
Aí eu
acrescento também, se o mal vem da Internet, devemos diluí-lo também pela
Internet. Se o mal vem de graça, o bem também deve vir de graça.
Se a
instituição necessita de recursos financeiros deve solicitá-lo aos seus
integrantes, mas não deve vender a palestra, que é a mensagem evangélica.
A mensagem
evangélica deve ser divulgada ao máximo em todos e quaisquer canais, pois, caso
contrário, estaríamos fazendo como a Igreja Católica fez no passado, ao
permitir que somente “alguns” tivessem acesso aos livros da Bíblia.
A mensagem
evangélica, na internet, não é para ser vendida, principalmente porque a
internet é o maior meio de divulgação que nós temos atualmente. É como se fosse
a voz de Jesus ecoando em todos os campos do mundo.
Jesus não
distinguiu conteúdo do evangelho para pagantes e para não pagantes.
Para mim essas
ideias de cobrança não são dos atuais missionários espíritas, mas de seus
auxiliares que conhecem tecnologia, mas não tem conhecimento humano nem
vivência espiritual suficientes e acabam arrastando e maculando o nome dos
verdadeiros religiosos que são empurrados por estes caminhos sem saber.
Neste momento
de transição planetária, em que nós estamos chegando a um mundo de regeneração,
será assim o meio correto de divulgar a Doutrina Espírita? Cobrando pela
mensagem evangélica?
Por isso,
contribuo com as instituições, mas não pago por palestra espírita na internet.
Renato Siqueira
(renatosiqueira22@gmail.com)